A Nós Mais Eu se organizou para realizar uma ação de dia das mães, esta data tão importante e significativa no calendário.
Para esse momento produzimos kits em parceria com a Oh-Chás. O kit foi uma forma que encontramos de oferecer uma experiência ainda mais completa para as consumidoras das nossas cerâmicas. Além da vivência tátil e estética, promovemos uma ativação do paladar e do olfato combinando as peças com os chás.
Se tratando dos dias das mães, nos preocupamos com a mesma atenção da nossa produção na maneira que faríamos a comunicação deste momento celebrativo. Queríamos enaltecer a beleza da maternidade sem cristalizá-la. Estudamos para tentar capturar a potência libertadora e a sobriedade da responsabilidade que é ser mãe na sociedade em que vivemos.
Hoje no blog trazemos uma carta-relato da Marli Mary Ribeiro, professora aposentada da rede municipal e estadual de São Paulo e militante no movimento negro.
“Eu não nasci para ser mãe. Nasci para ser uma profissional de sucesso.
A maternidade não estava nos meus planos de juventude, aliás parecia-me um destino a se cumprir. Mas, acerca de tudo eu fui mãe.
Não foi fácil. Casamento e maternidade não são coisas fáceis.
Maternidade solo, então, não tem nada de romântico. É dureza. São dias sem dormir, trabalho multiplicado por mil e uma sociedade toda te cobra aquilo que você não deve.
A vida foi me levando a tomar decisões das quais eu me arrependo, entretanto, era preciso trabalhar em dois empregos, não parar de estudar e criar dois meninos que não paravam de crescer, de comer, de brigar e rivalizar. Não havia nada de belo naqueles dias intermináveis.
Eu não fui a mãe da palmada, fui a mãe do diálogo, da liberdade responsável, da desconfiança, das lágrimas e do desequilíbrio emocional.
Eu nunca serei a melhor mãe do mundo e este título eu não quero. Fui e sou a mãe que meus filhos podem ter. A mãe que lutou contra o machismo, a homofobia, o patriarcado e a indiferença dentro do núcleo familiar. A mãe anarquista, diferente das outras que me rodeavam.
Há uma estranha poesia na maternidade, há estrias e gordura acumulada na barriga. Noites sem dormir, muita roupa suja para lavar, louça acumulada na pia e um pai que abandona.
Espero que os dias futuros sejam outros dias. Dias em que a sociedade possa entender que a maternidade não é o destino natural das mulheres, nem todas as mulheres querem ser mães e está tudo bem!
Mas, a maioria que tem seus filhos, lutam bravamente para dar a eles, assim como eu o fiz, o melhor que podem dar.
Não é abdicar de seus sonhos, é construir uma nova realidade.
Não gosto do termo mãe guerreira, não acho que mães devam ser postas em altares. Somos apenas humanas a ponto de não saber tudo, cometer erros e também acertar.
Feliz hoje, amanhã e sempre!
Marli Ribeiro.”